Esvaziando-me



Estou precisando de um descanso.
Uma rede na varanda do coração, sem pensar em nada de amor, sem ler amor, sem conversar amor, sem fazer planos do amor.

Esvaziar a mente de tudo o que não me serve, não me melhora, não me edifica.

Fazer uma faxina na alma e jogar fora tudo o que não presta.

Eliminar alguns planos inúteis, diálogos inexistentes, monólogos depressivos.

Não se pode encher um copo já cheio.

Então me esvazio de mim, viro o copo para baixo, para me encher do mundo e assim encher-me de tudo que há em mim.

Que a vida me encha, preencha e transborde por toda a beira do meu ser.

Quero molhar o mundo de vida, por toda essa tristeza e dissabores, "desamores" espalhados pelas calçadas de nossa mente.

Andar da chuva dentro de mim, que se faz enquanto me encho.

Serei garoa, chuva, tempestade, até dilúvio.

Serei dilúvio de vida pelos desertos da falta temporária de não saber aonde ir com tanta ideia inata na cabeça, fazer brotar flores em alguma terra seca até perder as forças e, quando acontecer, serei manancial, tempestade, chuva, até garoa, mas vou molhar algum jardim por aí, com toda a vida que restar em mim, pois repletos conseguimos transbordar, compartilhando o que temos de nós que muitas vezes, até mesmo um leve salpicar, molha e da desejo de mais àqueles que muito precisavam deste simples aspergir sereno de breve garoa, para daí, se molhar, mergulhar.