Cris Guerra

Deve haver um jeito de reservar o melhor de nós para o outro e guardar o pior para nós mesmos. Preservar pequenos mistérios que nos mantêm interessantes. Há uma alquimia no exercício da conquista, do cuidado, da atenção.

É preciso cuidar do amor como planta frágil que é. Água demais, sol de menos, muito tempo no canto errado da varanda: tudo isso pode fazer murchar o que antes era exuberante. Para florir, cada planta tem seu jeito. Como cada relação tem seus mistérios e idiossincrasias.

Não tenho dúvida: o amor é feito de presenças e faltas. E é na falta que se apura a vontade de estar junto. Acordar juntos é gostoso; acordar com saudade também. É que outra essência do amor é a liberdade: é preciso espaço para ele crescer confortável.

E assim a possibilidade de ver a pessoa amada se apaixonar de novo deixa de ser ameaça para ser sorte: pode ser por você a paixão. O encantamento que renasce muitas vezes.

Amor pede rotina. Mas pede a suavidade de não fazer tudo sempre igual. Pede o cultivo da intimidade sem excessos. Amor é construção. Um tijolo a cada dia. É um trabalho que não termina nunca. Talvez seja esse o real significado da expressão “Felizes para sempre”.

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